No final da década de 60, à frente da Tropicália, Gilberto Gil abraçou a fusão da música brasileira com os ritmos internacionais, e deu consequência popular e midiática às possibilidades antropofágicas vislumbradas pelos modernistas, décadas antes. Exilado em Londres, com Caetano Veloso, viu em primeira mão os desdobramentos da contracultura em sua fase mais densa. De volta ao Brasil, estabeleceu diálogos musicais com questões culturais, comportamentais e políticas, e relativas ao estreitamento de laços entre a arte e a tecnologia.
Sua gestão no Ministério da Cultura foi consequente com essas visões. Agora, fazendo um balanço desses últimos anos, em que a música brasileira tem recuperado muito de seu vigor e daquela verve ao mesmo tempo tão crítica e tão inspirada, Gil encontra a nova geração em Futurível (título de uma canção sua de 1969, que juntava as palavras "futuro possível" e já sinalizava a sua constante tematização da tecnologia).
Gil encontra o power trio instrumental revelação de Cuiabá, Macaco Bong, para reeditar sua época mais roqueira, circa Expresso 2222 (quando era acompanhado por então músicos de rock como Lanny, Tuti Moreno etc - lançando-os em experimentos com o forró, reggae, funk, samba e outros gêneros).
Gil encontra o power trio instrumental revelação de Cuiabá, Macaco Bong, para reeditar sua época mais roqueira, circa Expresso 2222 (quando era acompanhado por então músicos de rock como Lanny, Tuti Moreno etc - lançando-os em experimentos com o forró, reggae, funk, samba e outros gêneros).
Para explicitar a visão tropicalista de Gil, que imaginava uma convergência ente Beatles e pífanos, o DJ Tudo introduz o show com sua pesquisa da música brasileira profunda, e convida a banda de pife Princesa do Agreste de Caruaru, acompanhado de projeções do DVJ Scan. Gil cria as convergências e diálogos entre essas vozes, sopros, tambores e instrumentos eletrônicos, que mostram como a música nacional é um dos símbolos mais notáveis da potência transformadora do Brasil no mundo.
Macaco Bong é um dos destaques do Circuíto Fora do Eixo, movimento artístico e social surgido de estados como Mato Grosso, Acre, Amapá e outros, em que a novíssima cena independente brasileira troca tecnologias de produção coletivistas e solidárias. O Fora do Eixo impulsiona associações como a Abrafin - Associação Brasileira de Festivais Independentes, que dialoga com outras importantes cenas musicais independentes, como a de Cuiabá.
O trio Macaco Bong baseia-se na desconstrução dos arranjos da música popular em seus formatos convencionais e alia a linguagem das harmonias tradicionais da música brasileira com jazz, fusion e rock-pop. Já circulou os principais festivais de música do Brasil (além de Argentina e Canadá), e teve seu CD Artista Igual Pedreiro eleito o melhor de 2008 pela revista Rolling Stone Brasil, e lançado na Argentina pelo selo Scatter Records.
Seu show de 2010, com convidados como o rabequeiro Siba, o pianista pop-erudito Vitor Araújo, o percussionista Jack (Porcas Borboletas) e os metais dos Móveis Coloniais de Acajú foi um dos três finalistas do Prêmio Bravo!, ao lado de Maria Bethânia a da Orquestra Imperial apresentando Caetano Veloso, Jane Birkin e o maestro de Serge Gainsbourg, Jean-Claude Vannier.
DJ Tudo é o produtor da era digital, pesquisador de expressões culturais tradicionais, instrumentista e coordenador do selo Mundo Melhor, Alfredo Bello. Mixador de elementos da tradição brasileira, do dub, do funk e da eletrônica, Bello percorre o Brasil e o mundo estabelecendo pontos de diálogo cultural entre nosso país, a Europa, a África e a América do Norte. Colaborador de Adrian Sherwood e Mad Professor, gravou seu novo álbum, Nos Quintais do Mundo, em suas viagens pelo interior, pelo exterior e pela mente coletiva, partindo de registros de manifestações como maracatu, afoxé, caboclinho, congado, embolada e baianá para abordagens radicalmente atuais.
Seguindo a trilha de Mario de Andrade, que em 1938 coletou 34 horas de gravações folclóricas in loco no norte e nordeste, de ritmos que 30 anos depois se revelariam ser muito da inspiração para a Tropicália, Alfredo Bello já totaliza quase 1.300 horas (!) de registros, fruto da agilidade propiciada pelos equipamentos digitais. Mário de Andrade aprovaria. Como produtor, tem ajudado a lançar artistas importantes da nova geração, como Junio Barreto, Cérebro Eletrônico e Porcas Borboletas. Com sua ex-esposa, a percussionista Simone Soul, desenvolve outras colaborações, como o Projeto Cru (responsável pelas trilhas de filmes de Beto Brant, como O Amor segundo B. Schanberg).
A Banda de Pife Princesa do Agreste, de Caruaru, é representante de uma das mais importantes tradições musicais do interior do Nordeste. Em cidades pequenas e vilarejos as bandas de pife ainda são importantes para a comunidade, tanto para a realização da música religiosa quanto para a diversão, e assumem valores artísticos fortes - como é o caso da Princesa do Agreste. Biu do Pife, músico experiente no meio musical de Caruaru e da região Nordeste, completou 50 anos de carreira em 2008. Com outros instrumentistas brilhantes como Toinho, José Mauricio, Gerson, Vitorino e Ari, as dinâmicas e as interpretações são repletas de momentos de grande virtuosismo, ao mesmo tempo engraçadíssimas e irresistivelmente dançantes.
DVJ Scan é Giuliano Scandiuzzi, graduado em Arquitetura e Urbanismo pela FAU -USP, cujo projeto de graduação foi uma videoinstalação que o aproximou daquele que seria sua área de atuação. Fundador e ex-integrante do Estúdio Bijari entre 1996 a 2007, inspirando e liderando o grupo na área da videoarte, ajudou o Bijari a tornar-se conhecido na cena nacional e internacional como um dos mais aclamados grupos de artistas visuais brasileiros. Em 2007, passou a criar espetáculos audiovisuais, exposições e instalações multimídia solo. Esteve nos programas Altas Horas com André Abujamra e Jô Soares com o DJ tudo e Sua Gente de Todo Lugar. Também atua como DJ, com forte pesquisa de percussão e experimentação em softwares de produção musical.
O espetáculo Futurível celebra o encerramento do Fórum Internacional Geopolítica da Cultura e da Tecnologia, que se realiza na Cinemateca Brasileira do dia 11 ao dia 13 de Novembro, com curadoria de Gilberto Gil e Laymert Garcia dos Santos. Futurível é simultaneamente a abertura do ll Fórum da Cultura Digital Brasileira, que se realiza na Cinemateca Brasileira de 15 a 17 de Novembro.
Visite! #futurível
Fotos: Divulgação.
INGRESSOS Já a venda:
Inteira: R$ 30
Meia R$ 15
Bilheteria
Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Portão 2
Tel.: 11 3629.1075
São Paulo
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